Mais uma semana se inicia sem que tenha sido superado o sentimento de incerteza em relação à pandemia de COVID-19 e às suas consequências socioeconômicas. Como era de se esperar, os efeitos da pandemia continuaram a se perpetuar pelo mercado de capitais. No mercado de FII, por exemplo, houve uma clara guinada por parte dos administradores e gestores rumo a uma estratégia mais precavida de gestão de caixa.

Em um contexto de baixa no nível geral de preços das cotas de FII, a liquidez se intensificou no mês de março de 2020. Com isso, o montante negociado mensal atingiu seu terceiro maior valor histórico, enquanto o número de negócios ocorridos em março só ficou atrás daquele registrado em janeiro de 2020. Como adiantado em artigo anterior, a liquidez se concentrou entre os FII que integram os segmentos de Renda Fixa e Shopping Centers.

Nos últimos dias, quando se discute os rumos da economia brasileira, um assunto tem sido amplamente abordado: a provável retração da atividade em decorrência dos fortes impactos da pandemia do Covid-19 nos mais diversos setores produtivos. Um dos setores que certamente está sofrendo nesse processo é o setor de shopping centers, que, em condições normais, é palco de uma expressiva quantidade de transações comerciais. A adversidade enfrentada pelos shopping centers é motivo de preocupação para um segmento do mercado de capitais que nos últimos tempos vinha ganhando força como opção de investimento dos brasileiros, o mercado de FII.

Diante da pandemia de Covid-19, a CVM emitiu deliberação na qual altera determinados prazos regulamentares. Além de suspender prazo relacionado à ICVM 476, e adiar a entrada em vigor da ICVM 617, a autarquia também alterou prazos aplicáveis especificamente aos mercados de CRI, CRA, FII e FIDC.

Para o mercado secundário de FII, 2020 começou com um novo recorde de liquidez mensal. Janeiro registrou R$ 7,31 bilhões em montante negociado, distribuídos em mais 3,5 milhões de negócios. Apesar do abalo socioeconômico que mexeu com os mercados nos últimos dias, a liquidez dos fundos imobiliários não parece ter sido impactada a ponto de mudar de trajetória. Houve, porém, sensível mudança na composição dessa liquidez.

Veja abaixo o resumo das atas publicadas na CVM entre 16 e 20 de março de 2020.

Ontem, quinta-feira, dia 19 de março, o mercado secundário de cotas de Fundos de Investimento Imobiliário (FII), na abertura do pregão, viu seu momento mais dramático acontecer, mesmo que este tenha sido muito breve. Tendo resistido relativamente bem aos primeiros movimentos de estresse decorrentes do advento do vírus Corona, o mercado secundário de FII começou a ceder mais substancialmente nas últimas duas semanas. O índice setorial, o IFIX, que na virada do mês ainda rondava os 3.000 pontos, já tinha perdido por volta de 500 pontos no meio de março. Na quarta-feira passada, no final do dia, outro baque, e o índice já rompia pra baixo dos 2.200 pontos. Mas nos primeiros minutos da sessão de ontem, sem qualquer suporte, o IFIX entrou em queda livre, até negociar abaixo de 1.900 pontos.

Veja abaixo o resumo das atas publicadas na CVM entre 09 e 13 de março de 2020.

O mercado secundário de cotas de FII negociadas na B3 apresentou, ao fim de fevereiro de 2020, uma desvalorização média¹ mensal de preço de cota de 4,8%. Na análise feita para se chegar a esse número foram consideradas 163 cotas de FII. Desse total, demonstrando que a variação negativa se estendeu por todo o mercado, 16 cotas registraram valorização, ao passo que o número de cotas no vermelho atingiu 147.

Veja abaixo o resumo das atas publicadas na CVM entre 02 e 07 de março de 2020.