O agronegócio atingiu, em 2021, a maior participação setorial do Produto Interno Bruto dos últimos 15 anos, 27,4%. Em vista do tamanho do setor, é natural que ele esteja ávido por grandes volumes de recursos, seja para financiar projetos, a produção ou a expansão do negócio, seja para capital de giro. Não à toa, o montante emitido de CRAs, em 2021, atingiu o patamar recorde de R$ 25,3 bilhões. Contudo, pelo desempenho do mercado primário de CRAs até julho, podemos estar diante de um novo recorde em 2022

Há pouco tempo, um CRA com cláusula de correção pela variação cambial foi emitido pela primeira vez. Pouco tempo depois, uma nova operação já aparece no mercado. Dessa vez, um CRA emitido pela Virgo.

A EcoSec está colocando no mercado uma nova emissão de CRAs, desta vez relacionada à FS Agrisolutions Indústria de Biocombustíveis (FS). O lastro consistirá em CPR-Fs e a securitizadora planeja emitir duas séries idênticas em montante, em vencimento e em frequência de pagamento na sua 167ª emissão de CRAs.

Foi emitido, recentemente, o primeiro CRA referenciado em moeda estrangeira. Trata-se de um marco para o mercado deste título de securitização. A emissão foi realizada pela Ecoagro e perfez um volume de U$ 16,0 milhões.

As perspectivas para o financiamento do agronegócio brasileiro via mercado de capitais foi o tema do debate realizado na Sala Gold do evento de lançamento do Anuário CRA 2022, que contou com a presença de Pedro Henrique R.O.B. e Silva, superintendente de DCM do Banco Alfa, Matheus Zilioti, sócio do Santos Neto Advogados, e José Angelo Mazzillo, secretário adjunto de política agrícola, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), além do moderador Alfredo Marrucho, da Uqbar.

Para rever o desenvolvimento do mercado de CRAs em 2021 e debater seu futuro no mercado de capitais, reuniram-se no painel de abertura do evento de lançamento do Anuário Uqbar 2022 referente ao mercado de CRA: Moacir Teixeira, fundador da Ecoagro e CEO da Eco Gestão de Ativos; Bruno Gomes, superintendente de supervisão de securitização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM); Luciano Mendonça, diretor da Euler Hermes; Ricardo Brito, ‘Head of Asset Based Finance’ do Rabobank Brasil; e Carlos Augusto Lopes, CEO e sócio fundador da Uqbar.

O estoque do mercado de CRAs trouxe, ao final de 2021, um saldo devedor consolidado de R$ 64,15 bilhões, divididos entre 260 operações e 432 títulos. A impressionante cifra é inédita na história deste mercado. 

Uma das principais vantagens de uma operação de financiamento do agronegócio via CRAs é a possibilidade de direcionar recursos para pequenos produtores rurais que não tenham acesso ao mercado de crédito tradicional. Porém, um contraponto constantemente feito a esse tipo de operação é o seu maior nível de complexidade.

O ano ainda não terminou, mas o mercado superaquecido de CRAs já chegou a níveis históricos alcançando novos recordes tanto em montante quanto em número de operações. Boa parte desta expansão, que demonstra o quanto o segmento vem ganhando relevância no mercado de capitais, dá-se pela forte atuação das securitizadoras, figuras centrais de uma operação de CRA. Só neste ano, dez securitizadoras diferentes realizaram emissões, com destaque para as participantes Virgo Securitizadora e para a Eco Securitizadora.

Terminou, na última semana, a oferta pública com esforços restritos de distribuição da 119ª emissão de CRAs da Ecoagro. A operação é a primeira a contar com a atuação do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) como garantidor de financiamentos rurais articulados através de títulos de securitização. Trata-se de mais uma iniciativa que visa a estimular o financiamento privado ao setor agropecuário.