Mesmo com o efeito da mais recente elevação da taxa básica de juros em janeiro, o Dividend Yield (DY) médio mensal dos Fundos de Investimento Imobiliário (FII) negociados na BM&FBOVESPA cedeu para 0,82% no último mês, contra 0,85% em dezembro de 2013. Assim, o diferencial entre o DY médio dos FII e a rentabilidade acumulada mensal da taxa de Depósito Interfinanceiro (taxa DI), líquida de imposto de renda (assumindo 15% de tributação¹), se estreitou de 22 pontos base em dezembro para apenas 11 pontos base em janeiro. A rentabilidade acumulada da DI líquida subiu de 0,63% em dezembro para 0,71% em janeiro.

A Figura I apresenta os valores mensais de DY médio e de rentabilidade acumulada da taxa DI líquida nos últimos doze meses.

Figura I – Nível mensal de DY e da taxa DI líquida nos últimos doze meses



 
O movimento de queda do DY no último mês em relação a dezembro de 2013 se deu principalmente em função do efeito da sazonalidade na distribuição de rendimentos de alguns FII. Mesmo com um movimento concomitante de queda nos preços das cotas dos FII, o indicador de DY, o qual se equivale à razão entre a distribuição de rendimentos e o preço das cotas, também se reduziu. Ou seja, a redução do nível de distribuição de rendimentos entre dezembro e janeiro foi proporcionalmente maior do que a queda do nível de preços das cotas dos FII entre os dois meses.
 
Ao longo de 2013, o mercado precificou as cotas de FII de forma altamente correlacionada (negativamente) com os aumentos da taxa básica de juros. Tal comportamento reflete a atual percepção, por parte do mercado investidor, de que as cotas dos FII negociadas no mercado secundário são títulos de perfil de renda-fixa. Uma consequência direta desta percepção tem sido um crescente valor de desconto entre o valor patrimonial dos fundos e o seu valor de mercado, o qual aponta para possibilidades cada vez mais concretas de arbitragem para seus gestores.
 
Analisando os 74 fundos que foram negociados em janeiro de 2014, verifica-se que 58 deles registraram um DY mensal superior à rentabilidade acumulada no mês da taxa DI líquida. O FII Polo Recebíveis Imobiliários II (PORD11), fundo dedicado à gestão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), liderou o mercado pelo critério deste indicador. Mas o PORD11 pagou aos seus cotistas no último mês rendimentos acumulados entre os meses de agosto e dezembro de 2013, desta forma majorando o DY mensal muito acima do que seria caso suas distribuições tivessem ocorrido em todos estes meses. A Tabela I apresenta os FII com DY mensal superior a 1,0% no último mês.

Tabela I – FII com DY Mensal superior a 1,0% em Janeiro de 2014


Mudando o intervalo de análise para o período dos últimos doze meses, nota-se que o DY realizado2 médio entre os FII atingiu a marca de 7,6%, pouco acima da rentabilidade líquida da taxa DI no mesmo período, de 7,1%. Entre os dez FII com maior DY realizado anual, os três primeiros são fundos que investem preponderantemente em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). São eles os FII XP Gaia Lote (XPGA11), Fator Verita (VRTA11) e BTG Pactual Fundo de CRI (FEXC11B). Este tipo de fundo tende a apresentar um desempenho distinto dos demais em relação ao DY por deterem carteiras compostas por títulos de renda fixa. A Tabela II apresenta os dez FII com maior DY realizado nos últimos doze meses.

Tabela II – Dez FII com maior DY realizado³ nos últimos doze meses



¹ Tributação aplicada para investimentos com prazo de vencimento maior do que 24 meses

² O dividend yield realizado é calculado levando-se em conta as distribuições realizadas nos últimos doze meses e o preço médio das cotas dos fundos no primeiro mês do período. Assim, um nível de distribuição no último ano relativamente alto em relação ao preço da cota no primeiro mês significa um dividend yield maior.

³ Para evitar distorções, ao classificar os FII com maior DY realizado, não são considerados os fundos cujas cotas sofreram amortização durante o período pelo fato de que as amortizações impactam o preço e o fluxo de rendimentos das cotas, gerando inconsistência na comparação do indicador de DY entre fundos que amortizaram e aqueles que não amortizaram.
 
 
 
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