Quem acompanha o mercado de CRA sabe que se tornou corriqueira a utilização deste título de securitização como instrumento de captação de recursos de grandes empresas. Essa dinâmica deve ser analisada com um olhar crítico nas ocasiões em que as operações são estruturadas apenas para refletir emissões de debêntures das próprias empresas. No entanto, o envolvimento de grandes empresas com essa indústria por si só não significa um problema, sendo possível que existam casos em que quem realmente precisa de alternativas de financiamento se beneficie. Um desses casos parece ser exemplificado por uma nova operação da securitizadora Gaia envolvendo a BASF Brasil (BASF).

Foi registrada nesta semana na CVM a oferta pública das 1ª e 2ª séries da 12ª emissão de CRA da RB SEC. A oferta soma quase R$ 2,00 bilhões, o que a torna a maior oferta pública deste tipo de título já registrada na história. A emissão ainda pode ser aumentada conforme a demanda do mercado pelo título. A operação tem como lastro debêntures da empresa JBS. Se concluída ainda em 2020, esta operação levará o mercado primário de CRA a superar o ano de 2019 em volume de emissões.

O mercado primário de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) caminha para encerrar o ano de 2020 em patamar bem próximo ao observado em 2019, com volume de emissões já superando R$ 10,00 bilhões. Tal qual ocorrido nos últimos anos, as operações de risco concentrado dominam o mercado e aumentaram ainda mais sua participação este ano.

O segmento de prestadores de serviços do mercado de securitização perderá um de seus mais tradicionais participantes. A SLW vem comunicando às operações as quais presta serviços que deixará de exercer as funções de custodiante, agente fiduciário, agente registrador e agente escriturador em operações do mercado de capitais.

Como já abordado em artigo recente publicado no TLON, o mercado primário de CRA alcançou a marca de R$ 9,33 bilhões em emissões neste ano até outubro. Na ocasião da publicação, a cifra foi desmembrada entre aquelas emissões que ocorreram via ICVM 400 ou via ICVM 476. Agora, é hora de realizar um novo tipo de análise sobre o indicador e observar como o montante emitido se divide entre os diferentes setores do agronegócio que se financiaram via CRA.

Um CRA de R$ 150,0 milhões parece estar prestes a vir ao mercado através de uma emissão da EcoSec. Trata-se da série única da 69ª emissão da securitizadora, que seguirá os moldes da estrutura que se tornou a mais comum do mercado, em que o lastro é formado por debêntures emitidas por grande empresa consolidada no agronegócio.

Como tem sido divulgado recorrentemente nas análises feitas pela Uqbar, o mercado de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) se mostra bastante sólido em 2020, mesmo em meio aos efeitos da pandemia. O montante emitido no ano já se aproxima da marca dos R$ 10,00 bilhões e representa a quarta maior marca histórica do segmento, mesmo ainda faltando dois meses para o término do ano. Dentro deste cenário, se destacam, por mais um ano, as securitizadoras Vert e EcoSec que respondem por mais de 60% das emissões de CRA em 2020.

O mercado de CRA alcançou a marca de R$ 9,33 bilhões em emissões consolidadas desde o início do ano de 2020. Em base anual este montante já representa a quarta maior marca da história deste mercado. Diferentemente do comportamento observado no segmento nos últimos seis anos, quando os títulos eram, em sua grande maioria, ofertados via ICVM 400, neste ano a maior parte dos títulos foi ofertada via ICVM 476. Tal movimento ganhou força a partir de uma deliberação da CVM que mudou a dinâmica das emissões neste mercado para este ano.

Observando o cenário empresarial em todo o mundo, uma coisa parece bastante clara: cada vez mais as cadeias produtivas procuram não só o lucro financeiro, mas também impactos socioambientais positivos em seus negócios. Obviamente, o mercado de capitais tende a acompanhar essa dinâmica, se tornando um poderoso aliado para a implementação desses projetos.

Hoje, dia 28 de outubro, completa-se seis meses de vigência da única operação de CRA realizada pela Fortesec até aqui em 2020. Apesar do prazo já decorrido ser pouco significativo frente ao prazo total esperado da operação, de aproximadamente 61 meses, ontem, em assembleia geral de investidores, foram aprovadas mudanças importantes na estrutura da operação, principalmente em relação à remuneração dos investidores.